Astrologia da Semana

  • Lua minguante convexa em Escorpião (terça e quarta); Quarto Minguante em Sagitário (quinta)

  • Sol entra em Peixes (terça)

  • Mercúrio em Peixes em quadratura com Júpiter em Gémeos

  • Mercúrio em Peixes trígono a Marte em Caranguejo

Tiragem da Semana

  • 5 de Cálices

  • 4 de Paus

  • 3 Espadas

Baralho: Smith-Waite Tarot Deck. Centennial Edition.

Nesta semana bem aquática1 temos uma tiragem que representa bem processos de relação com a segurança afectiva e emocional.

Temos representados 3 dos 4 naipes: Cálices (Água), Paus (Fogo) e Espadas (Ar) estão presentes, enquanto Pentáculos (Terra) e os Arcanos Maiores estão ausentes. Os trânsitos astrológicos também acontecem nestes elementos. Como vimos, Peixes, Escorpião e Caranguejo correspondem ao elemento Água; Sagitário (Duplo) ao elemento Fogo; e Gémeos (Duplo) ao elemento de Ar. Na verdade, no domingo a Lua ingressa em Capricórnio (Terra Móvel), mas este ingresso acontece apenas às 23:09.

Mas já vamos, mais no final, às ausências que se tornam expressivas nesta leitura. Por agora, podemos ver que esta leitura nos apresenta uma montanha russa que parte do elemento de Água e, talvez possamos pensar nessa diversidade de sensações e situações como uma viagem através das 3 modalidades de Água sob as quais os planetas estão a interagir esta semana.

5 de Cálices

Então, partimos de um lugar de sensação de perda, de desânimo e desorientação emocional com o 5 de Cálices. No sistema de decanatos, esta carta corresponde ao 1º decanato de Escorpião, regido por Marte (decanato onde a Lua se encontrou ontem). Temos um planeta activo, quente e seco, colérico num dos seus domicílios (Marte rege Escorpião e Carneiro), a sua casa aquática, que é fixa, fria e seca, receptiva.

Então, o 5 de cálices fala-nos de intensidade a nível das emoções mas que é expressa de forma resevada, interior e defensiva. É uma panela a ferver com a tampa colocada, um estado em que os sentimentos e as sensibilidades são extremamente dinâmicas mas que queremos conter.

O “campo de batalha” acontece a um nível interior, talvez porque queremos controlar e/ou conter o nosso estado emocional. Fixamo-nos, assim, nessa tensão entre a acção e a tenacidade e não conseguimos, ainda, pegar nos nossos cálices e atravessar a ponte que nos poderá conduzir além das águas do rio que corre à nossa frente, em direcção a uma espaço sólido e seguro que é possível vislumbrar no horizonte.

Não, o 5 de Cálices mostra que ainda estamos muito agarrades às nossas experiências emocionais e que Marte ainda as faz ferver deste lado do rio. Isto sob uma Lua minguante em Escorpião, signa da sua queda, onde ela não se sente confortável, onde se retrai e onde a sua mutabilidade se vê contida pela fixidez de Escorpião. A Lua é o movimento das marés e Escorpião é a solidez de um iceberg. A Lua é o sentido de segurança e cuidado, Escorpião é a agressividade das emoções.

4 de Paus

Mas, deste espaço de uma explosão contida dos sentimentos, partimos para um local de celebração. Terá Marte oferecido a coragem necessária para aquela figura levantar o olhar, encarar a exterioridade, pegar nos cálices e atravessar as águas em direcção ao castelo, local de segurança e estabilidade? Parece que sim. No 4 de Paus encontramos duas figuras num ambiente festivo, que se encaminham para um altar celebratório e seguidas, à distância, por um grupo de pessoas que partilham desta sensação de alegria.

O espaço desta acção é o das imediações do castelo que vimos na carta anterior. Esta carta, que transborda alegria sublinhada pelo domínio da cor amarela, corresponde ao 3º decanato de Carneiro, regido por Vénus. Entramos no domínio de Fogo: da energia, da acção, das paixões e conquistas. Carneiro, o primeiro signo do zodíaco e do elemento de Fogo, é activo, extrovertido, ousado e combativo (é regido por Marte, aí está ele novamente) e recebe o planeta da beleza, graciosidade e harmonia, Vénus.

Ora, Vénus é um planeta receptivo, nocturno, de suavidade e delicadeza e, apesar de ser um planeta do amor e do prazer, a impulsividade e falta de graciosidade de Carneiro não a deixam muito confortáveis. Este é o signo do seu exílio. Portanto, esta celebração pode ser alegre e dar-nos muito prazer; pode ser uma situação em que sentimos o optimismo vibrante do fogo que alimenta as nossas motivações e sentimos a coragem necessária para construir estruturas acolham os nossos desejos; mas também nos faz questionar que estruturas são essas, se somos capazes de integrar e incluir outras pessoas, ideias e situações de forma justa.

Como é que podemos fazer com que Vénus se sinta incluida? Como é que podemos “casar” as nossas ambições com as diferentes necessidades dos nossos contextos e de quem deles faz parte? Como é que Marte, que nos acompanhou da primeira para a segunda carta, pode lidar com o a delicadeza de Vénus? Estas são questões que a própria Lua em Quarto Minguante em Sagitário parece colocar: que tensão está a surgir nesta expressão fogosa?

3 de Espadas

Será que processámos os sentimentos do 5 de Cálices, ou avançámos inspirades pela impulsividade de Marte? A terceira carta parece falar-nos, precisamente, da necessidade de integração dos sentimentos com os pensamentos, ou seja de uma dinâmica entre emoção e razão que permita processar e transformar estas tensões. O 3 de Espadas é uma carta de Ar, corresponde ao 2º decanato de Balança, regido por Saturno. Um Saturno exaltado, no less.

Então, Marte (o “maléfico menor”) largou a nossa mão, decidiu assentar arraiais no seu domínio (o 4 de Paus), mas passou o testemunho ao “grande maléfico” maior: Saturno é frio, seco, melancólico e, por isso, representa austeridade, isolamento, limitações, sobriedade, responsabilidade e seridade. A verdade é que a natureza racional e moderada de Balança (Ar) agrada Saturno e confere ao cronocrata uma certa mobilidade que permite que a decomposição associada ao planeta não seja despropositada. Isto é, a natureza móvel e relacional de Balança, confere alguma maleabilidade às lições e restrições saturninas, bem como um carácter mais diplomático, ou seja, orientado para as dinâmicas com as outras pessoas.

Podemos pensar que esta carta, de certa forma, representa a mobilidade necessária, embora sóbria, de atravessamento da ponte da 1ª carta e a necessidade de compromisso da 2ª carta. Chegamos, assim, ao momento da consciência e disciplina para lidarmos de forma objetiva com os sentimentos e ambições desta viagem.

Os 3 cálices caídos, que vertem as nossas emoções num chão infértil, transformam-se, agora, nas 3 espadas que trespassam o coração. Passamos do encontro de Vénus com Marte, para um encontro de Vénus (regente de Balança) com Saturno: são os pensamentos e a racionalidade que fazem do com que o contexto desta carta seja definido por nuvens e chuvas soturnas. Saturno, do alto da sua exaltação, não se coíbe de demonstrar que que para alcançar a harmonia e bem-estar venusianos é necessária resiliência, pragmatismo e paciência.

O que falta? 2 de Pentáculos e I - O Mago

Esta tiragem mostra que o domínio dos maléficos não terminou, eles estão sempre presentes e exigem destruição e desconstrução. Mas se continuarmos a viagem descendente (começámos no número 5, passando pelo 4 e pelo 3) através dos arcanos e elementos do Tarot, encontramos as “ausências que se tornam expressivas nesta leitura” de que falei no início. O número que se segue é o 2 e o elemento que falta é Terra, então a carta seguinte seria o 2 de Pentáculos, que corresponde ao 1º decano de Capricórnio, regido por Júpiter. Uma carta que nos fala de equilíbrio e da necessidade de adaptação e flexibilidade nas experiências mais terrenas, sensoriais e materiais da vida. Um convite a ponderar a relação entre opostos e o reconhecimento da alteridade, permitindo, dessa forma, ver as mudanças e transformações como oportunidades que se começam a definir.

E a seguir ao número 2 vem o número 1 e, como já percorremos todos os Arcanos Menores, este passeio regressivo termina no Arcanos Maiores. O número dos Arcanos Maiores é O Mago, que corresponde ao planeta Mercúrio: o Mensageiro dos Deuses, simboliza todas as formas de comunicação, os transportes, comércio e negócios, ou seja, das possibilidades pela abertura à curiosidade e a relações dinâmicas. Também O Mago actua ao nível do intelecto e da criação. Ele é um cientista no seu laboratório (curiosidade e conhecimento de Mercúrio), onde tem todos os utensílios ao seu dispor: os 4 símbolos dos naipes (elementos) dos Arcanos Maiores. A sua magia é a da potencialidade transformadora e criativa através da integração das experiências de diferentes naturezas.

É curioso que as 2 cartas que faltavam neste périplo sejam carta de Júpiter e de Mercúrio. Dois planetas que actualmente se encontram em exílio e queda,2 em recepção mútua e numa quadratura. Nenhum dos planetas tem a capacidade de agir da forma que lhes é mais natural e estão num momento de tensão entre ambos. Contudo, o facto de se encontrarem cada um no em signo do outro mitiga um pouco esta dificuldade de relação entre eles porque ambos querem ser bons anfitriões. Mercúrio em Peixes tende a seguir não consegue comunicar de forma tão clara como deseja e Júpiter em Gémeos sente-se preso a minudências que não valoriza e a quadratura reflecte esta dificuldade de acção porque a dinâmica entre expansão e multiplicidade ao nível da comunicação e conhecimento criam uma sensação de confusão e paralisia.

Para lidar com isso, as cartas ausentes são boas ajudas: manter o equilíbrio e o foco na realidade concreta e material do 2 de Pentáculos e não perder de vista os pormenores que compõem a nossa comunicação/relação com a diversidade da realidade. Por fim, o trígono entre Mercúrio e Marte (que também se encontra em queda, em Caranguejo), pode ser um auxílio na resolução desta quadratura através de uma relação mais fluída entre mente e ação, mas num contexto em que ambos os planetas operam fora da sua zona de conforto. Mas, sem dúvida, que a algum apoio virá auxiliar esta montanha-russa emocional que as carta ilustraram, “através da sensibilidade e bom-senso”.

She was stronger alone; and her own good sense so well supported her, that her firmness was as unshaken, her appearance of cheerfulness as invariable, as, with regrets so poignant and so fresh, it was possible for them to be. ― Jane Austen,3 Sense and Sensibility.

SØPHIA (Sandra)

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