NOTA: Eu ofereço estes artigos como forma de familiarização com os trânsitos astrológicos e as cartas do Tarot. Mas não deixam de ser interpretações gerais, para o colectivo. Por isso, não é possível determinar o impacto individual e ganham contornos mais abstractos.

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Astrologia da Semana

  • Sol conjunto a Mercúrio retrógrado em Carneiro

  • Vénus retrógrada conjunta a Neptuno em Peixes

  • Lua Nova em Carneiro - Eclipse Solar Parcial

  • Mercúrio retrógrado conjunto a Neptuno em Peixes

  • Neptuno em Carneiro

Tiragem da Semana

  • 5 - O Hierofante

  • 7 - O Carro

  • Rei de Pentáculos

Baralho: The Lord of the Rings Tarot Deck & Card Game

Feliz meio da semana!

Desta vez, ainda inspirada pelo Tolkien Reading Day (ontem) que celebrei com o início da leitura de The Silmarillion, escolhi o baralho The Lord of the Rings Tarot Deck & Card Game. Eu sei, sei, não é o baralho mais bonito que conheço. Não é, não. Mas é um baralho dos anos 90 e nota-se, o que lhe dá um certo charme. Para além disso, e mais importante, é anterior aos filmes. O que torna o objecto ainda mais interessante porque a sua estética e representação das personagens está liberta da imagética que os filmes de Peter Jackson para sempre imprimiram na nossa imaginação. Ainda no outro dia, em conversa num clube de leitura, me questionava sobre como é que eu imaginaria as personagens e espaços dos livros de Tolkien se nunca tivesse visto os filmes? Bem, mas não é sobre isso que quero conversar hoje (um outro dia, até porque nas minhas leituras de Tolkien tenho anotado muitas relações entre construções estéticas nos livros e iconografia do tarot).

Esta semana saíram 2 Arcanos maiores (5 - O Hierofante e 7 - O Carro), o que marca uma ausência significativa a carta que medeia estas duas: o Arcano Maior 6 - Os Amantes. Podemos ler esta ausência como um retirar as relações da equação. Não é que esta tiragem nos diga para nos isolarmos e levarmos uma vida monástica (até porque o 9 - O Eremita que, curiosamente, eu associo imenso a Gandalf, não apareceu). É, antes, uma proposta para mudarmos o foco para nós própries e para o que nos faz sentir preparades e confiantes para sermos a autoridade da e na nossa experiência.

5 - O Hierofante

“Saruman courts dark and secret forces. The Palantír has given him a vision of his own future glory.”

O Hierofante, corresponde ao signo de Terra regido por Vénus, Touro, e fala-nos sobre conhecimento, tradição, dogmas, instituições de transmissão de conhecimento e de ritualização desses mesmo conhecimentos, fés, crenças… É a fixação (Touro é um signo fixo) e manifestação/performatização (Terra) daquilo que valorizamos. Mas do que valorizamos, muitas vezes, sem termos consciência de que aderimos a sistemas de pensamento, valores e crenças: contextos culturais, dogmáticos, religiosos; ou pelo contrário, porque a eles aderimos de forma activa, quando procuramos uma figura, instituição e/ou prática que nos transmita os ensinamentos que buscamos. Mas O Hierofante também podemos ser nós, podemos ser nós quem perpetua sistemas mais ou menos rígidas ou transmite conhecimento, apoio e estruturas validadas pelo crivo do tempo. Neste sentido, O Hierofante é uma carta relacional (Vénus) mas é uma relação mais orientada para a verticalidade do que para a horizontalidade. Pessoas que representam experiências duradouras que se traduzem em sabedoria não têm nada de mal, o importante é que consigamos encontrarmo-nos nessa relação e que o equilíbrio entre receptividade e actividade, ou seja, o pensamento crítico, não fique isolado numa torre de marfim.

Uma vez que esta semana Vénus, mas também Mercúrio (ambos ainda em marcha retrógrada), se encontra com Neptuno nos graus finais de Peixes (receptividade, diluição de fronteiras emocionais, sensíveis e espirituais) e que a semana termina com Neptuno a dar o primeiro passo na sua incursão no signo de Carneiro (dinamismo, assertividade, vontade individual), é importante estabelecer bem o que queremos fazer com o conhecimento que os “palantír” nos oferecem. Servem eles para sermos mais nós própries, ou para nos desvirtuarmos? Servem para nos oferecerem segurança e estabilidade ou para nos abrirem mundos de ilusão e de desconexão?

Gandalf explica os Palantír a Pippin:

The palantiri came from beyond Westernesse from Eldamar. The Noldor made them. Feanor himself, maybe, wrought them, in days so long ago that the time cannot be measured in years. But there is nothing that Sauron cannot turn to evil uses. Alas for Saruman! It was his downfall, as I now perceive. Perilous to us all are the devices of an art deeper than we possess ourselves. (…) ’Each palantir replied to each, but all those in Gondor were ever open to the view of Osgiliath. Now it appears that, as the rock of Orthanc has withstood the storms of time, so there the palantír of that tower has remained. But alone it could do nothing but see small images of things far off and days remote. Very useful, no doubt, that was to Saruman; yet it seems that he was not content. Further and further abroad he gazed, until he cast his gaze upon Barad-dûr.”

E sobre o poder dos Palantír, Gandalf diz sobre Denethor:

He was too great to be subdued to the will of the Dark Power, he saw nonetheless only those things which that Power had permitted him to see. The knowledge which he obtained was doubtless, often of service to him; yet the vision of the great might of Mordor that was shown to him fed the despair of his heart until it overthrew his mind.

O Hierofante é como uma âncora: pode prender-nos a noções internalizadas do que é o conhecimento e o poder; ou pode içar-se e dar-nos a possibilidade de navegarmos em direcção ao nosso próprio juízo, informades pelo mapa delineado por tradições anteriores ao momento presente. Em qualquer caso, o Hierofante dá-nos essa experiência de enraizamento, uma estabilidade que só reinforça a responsabilidade das nossas escolhas.

7 - O Carro

“Théoden concentrate all his power and Charges the Orc Army”

O Carro corresponde ao signo de Caranguejo e, para mim, é sobre protecção e criação de armaduras que nos permitem avançar (nem sempre pelas vias mais direitas ou directas) com a segurança que a nossa vulnerabilidade está segura. Se O Hierofante nos dá as coordenadas, O Carro exige que verifiquemos se o airbag funciona, se os cintos de segurança estão operacionais e se temos gasolina suficiente para seguir em direcção à vitória, seja lá o que isso for. Ainda não é o momento da viagem em si, mas sabemos que seguimos sozinhes (Os Amantes ficaram para trás). Porque é que a jornada vai ser feita a solo? Para termos a oportunidade de reflectir acerca do significado dos Palantír? Para que possamos testar os limites da nossa ambição e segurança (Carneiro) sem colocar ninguém em risco? Para fecharmos o ciclo de eclipses no eixo Balança-Carneiro (dia 29 de Março é dia de Lua Nova em Carneiro - Eclipse Solar Parcial, o último desse ciclo) com prudência e cautela? Caranguejo é regido pela Lua, a protectora e nutridora das emoções, do conforto e da segurança interiores. Tratando-se de eclipses, esta será uma “bumpy ride”, por isso: “fasten your seat belts.”

Rei de Pentáculos

“Treebeard, the ancient spirit of the earth.”

Apesar da viagem acidentada, parece que temos condições para chegar um destino de segurança onde nos sentiremos mais estáveis, matures e confiantes. Esta semana é marcada por várias transições, fins e inícios: temos um eclipse, conjunções e um ingresso de Neptuno, um planeta transpessoal em Carneiro (Neptuno esteve 14 anos em Peixes e a última vez que esteve em Carneiro foi em 1861). Entre emotividade receptiva da água e o dinamismo impulsivo de fogo, o elemento Terra de Pentáculos, ainda para mais de Rei (uma figura madura, experiente e segura de si) é muito bem vindo para dar algum equilíbrio à volatilidade que se faz sentir esta semana. O Rei de Pentáculos também representa fins e início, não fosse esta carta a expressão da sabedoria do elemento natural, da terra e dos seus ciclos: é a última carta dos Arcanos Menores (na ordem elementar que eu sigo: Fogo, Água, Ar, Terra), logo, a última do próprio Tarot. A partir daqui, com a experiência que adquirimos na viagem pelo Tarot, estaremos numa posição de maior segurança, maturidade e humildade para darmos começarmos novas aprendizagens e experiências.

Treebeard é criatura viva mais antiga da Terra Média, um guardião da Floresta de Fangorn, que acolhe e protege os hobbits, chegando a reunir as árvores para travar o poder de Saruman. Dessa forma, pode representar uma visão alternativa do que os Palantír mostram a Saruman; em vez de um poder baseado na ambição e egoísmo, uma segurança em si mesme que as profundidade das suas raízes lhe proporcionam. Este Rei de Pentáculos fecha assim o ciclo iniciado com O Hierofante: mostra a importância da ancestralidade, que não tem de ser conservadora; a sabedoria enquanto experiência, em vez de dogma; a relação comunitária, em vez de hierárquica.

A viagem desta semana mostra-nos que focarmo-nos em nós própries é, por vezes, importante e necessário. O que sabemos, conhecemos, experienciamos e o que nos é transmitido e herdado, bem como o nosso pensamento crítico são orientações que nos preparam e protegem para as aventuras e caminhos desconhecidos que se começam a delinear no nosso horizonte. Esta tiragem fez-me pensar nas aulas de condução, de como elas são elementos de uma instituição de ensino e de um código social que nos ensina a conduzir. A forma como o fazemos depois, responderá ao nosso discernimento. Mas há orientações que não podem ser ignoradas se nos quisermos manter, a nós e às outras pessoas, em segurança. As aulas de condução são algo que fazemos individualmente (Carneiro) para podermos agir em sociedade de forma harmoniosa (Balança e o último eclipse neste eixo).

Boa semana e não se esqueçam de ajustar os espelhos retrovisores, afinal ainda temos 2 planetas pessoais em retrogradação!

SØPHIA (Sandra)

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