Olá, bem-vindes! Hoje trago 4 livros que recomendo ler na época de Virgem e outros 4 livros da minha TBR que eu gostava de ler na época de Virgem.
Falo sobre todos eles neste vídeo:
E no Podcast:
LIVROS MENCIONADOS
Recomendações:
Kindred, de Octavia E. Butler
Dana, a modern Black woman, is celebrating her 26th birthday with her new husband when she is snatched abruptly from her home in California and transported to the antebellum South. Rufus, the white son of a plantation owner, is drowning, and Dana has been summoned to save him. Dana is drawn back repeatedly through time to the slave quarters, and each time the stay grows longer, more arduous, and more dangerous until it is uncertain whether or not Dana’s life will end, long before it has a chance to begin.
Dana é uma personagem bastante virginiana: uma mulher que se socorre do pensamento lógico possível para recolher, organizar e dar sentido aos factos que compõem a sua história e a de uma sociedade que se tem edificado sobre estruturas e dispositivos de opressão. Ao mesmo tempo que Dana tenta reconstruir, reorganizar o passado, ela fá-lo enquanto serviço: o serviço horrível da escravatura e o serviço de sacrifício em prol de quem viveu aquela realidade. Tal como o Eremita, também Dana se recolhe num mundo outro (o passado) para encontrar uma nova luz que ilumine não só o seu caminho mas também o de quem se seguir: nós, o presente, o futuro.
I Who Have Never Known Men, de Jacqueline Harpman
A young woman is kept in a cage underground with thirty-nine other females, guarded by armed men who never speak; her crimes unremembered... if indeed there were crimes.
The youngest of forty—a child with no name and no past—she survives for some purpose long forgotten in a world ravaged and wasted. In this reality where intimacy is forbidden—in the unrelenting sameness of the artificial days and nights—she knows nothing of books and time, of needs and feelings.
Then everything changes... and nothing changes.
A young woman who has never known men—a child who knows of no history before the bars and restraints—must now reinvent herself, piece by piece, in a place she has never been... and in the face of the most challenging and terrifying of unknowns: freedom.
Juntas, enquanto comunidade, as 40 mulheres têm de sobreviver e compreender a sua identidade. Não a que tinham mas aquela que precisam de construir para encontrarem um sentido para a sua existência. Ao mesmo tempo, a narrativa coloca uma questão importante: como é um sociedade não-patriarcal? Quais as principais diferenças da vida em comunidade quando o poder e ímpetos patriarcais desaparecem? A resposta mais evidente e imediata é que não há violência, nem opressão, sem vigilância (estas condições terminaram quando os guardas abandonaram a prisão).
Há serviço enquanto entreajuda e estratégia de sobrevivência; há rotinas que dependem da cooperação, ainda que as diferenças entre as pessoas do grupo sejam imensas; há análise e ponderação acerca da integração da identidade individual e a sobrevivência coletiva.
I Who Have Never Known Men é uma obra introspectiva e filosófica que explora as profundezas da solidão humana, a fragilidade da identidade e a procura incessante pelo sentido da vida num mundo em que as respostas estão em extinção.
The Blind Assassin, de Margaret Atwood
The Blind Assassin opens with these simple, resonant words: "Ten days after the war ended, my sister Laura drove a car off a bridge." They are spoken by Iris, whose terse account of her sister's death in 1945 is followed by an inquest report proclaiming the death accidental. But just as the reader expects to settle into Laura's story, Atwood introduces a novel-within-a-novel. Entitled The Blind Assassin, it is a science fiction story told by two unnamed lovers who meet in dingy backstreet rooms. When we return to Iris, it is through a 1947 newspaper article announcing the discovery of a sailboat carrying the dead body of her husband, a distinguished industrialist. Brilliantly weaving together such seemingly disparate elements, Atwood creates a world of astonishing vision and unforgettable impact.
À medida que as camadas da narrativa se desdobram, segredos familiares são revelados e a complexa relação entre as irmãs é explorada, levantando questões sobre amor, segredos e sacrifício. É uma complexa teia de narrativa que visa a procura de verdades. Mas também sobre revisitação crítica do passado para reorganizar e revelar o presente; sobre escrita e a sua materialidade, seja a nível formal (metanarrativa) ou genérico (romance histórico, realismo mítico, policial e mistério)
The Dictionary of Lost Words, de Pip Williams
In 1901, the word bondmaid was discovered missing from the Oxford English Dictionary. This is the story of the girl who stole it.Motherless and irrepressibly curious, Esme spends her childhood in the Scriptorium, a garden shed in Oxford where her father and a team of lexicographers are gathering words for the very first Oxford English Dictionary.Esme's place is beneath the sorting table, unseen and unheard. One day, she sees a slip containing the word bondmaid flutter to the floor unclaimed. Esme seizes the word and hides it in an old wooden trunk that belongs to her friend, Lizzie, a young servant in the big house. Esme begins to collect other words from the Scriptorium that are misplaced, discarded or have been neglected by the dictionary men. They help her make sense of the world.Over time, Esme realises that some words are considered more important than others, and that words and meanings relating to women's experiences often go unrecorded. She begins to collect words for another The Dictionary of Lost Words.
Através de suas descobertas e da interação com diversas mulheres em sua vida, Esme envolve-se em questões sociais e políticas, ao mesmo tempo que explora a importância das palavras e das histórias que elas carregam e a forma como a organização e estruturas normativas da linguagem perpetuam preconceitos e cimentam desigualdades.
The Dictionary of Lost Words é uma celebração da linguagem e uma crítica aos sistemas que uniformizam a nossa compreensão do mundo. Pip Williams examina como as palavras moldam nossas identidades e refletem as estruturas de poder da sociedade. O romance é uma exploração rica e emocional de como as estórias, especialmente as de mulheres e marginalizados, podem ser facilmente apagadas, e a importância de lutar para que suas vozes sejam ouvidas e lembradas.
Oxford: não deve haver cenário mais indicado para o signo regido por Mercúrio que valoriza o conhecimento, a organização e o aperfeiçoamento. Dicionário: a organização é o sonho de Virgem, se forem catalogações de palavras, linguagens, livros… (Mercúrio) é perfeito.
TBR:
Possession, de A. S. Byatt
Possession is an exhilarating novel of wit and romance, at once an intellectual mystery and a triumphant love story. It is the tale of a pair of young scholars researching the lives of two Victorian poets. As they uncover their letters, journals and poems, and track their movements from London to Yorkshire - from spiritualist séances to the fairy-haunted far west of Brittany - what emerges is an extraordinary counterpoint of passions and ideas.
The Wall, de Marlen Haushofer
A woman takes a holiday in the Austrian mountains, spending a few days with her cousin and his wife in their hunting lodge. When the couple fails to return from a walk, the woman sets off to look for them. But her journey reaches a sinister and inexplicable dead end. She discovers only a transparent wall behind which there seems to be no life. Trapped alone behind the mysterious wall she begins the arduous work of survival.
This is at once a simple account of potatoes and beans, of hoping for a calf, of counting matches, of forgetting the taste of sugar and the use of one's name, and simultaneously a disturbing dissection of the place of human beings in the natural world.
Limpa, de Alia Trabucco Zerán
Vinda do campo para a capital do país, Estela García encontra trabalho junto do abastado casal Jansen como criada de quarto e ama da sua filha recém-nascida, Julia, a mesma que educará e verá crescer. Serão sete anos divididos entre tarefas domésticas invisíveis e repetitivas e a falsa intimidade que estas proporcionam. Entre solidão, afetos, conflitos e segredos, Estela encontrará o seu lugar no seio da família. Porém, quando a tragédia irrompe na vida dos Jansen e Julia aparece morta, os ódios de classe revelam-se sob a forma de preconceitos sociais enraizados.
Um romance fulgurante sobre os conflitos de classe e a intimidade do trabalho doméstico por uma das vozes mais promissoras da literatura sul-americana.
Ecologia, de Joana Bértholo
Numa sociedade que se fundiu com o mercado – tudo se compra, tudo se vende – começamos a pagar pelas palavras. A estranheza inicial dá lugar ao entusiasmo. Afinal, como é que falar podia permanecer gratuito?Há seis mil idiomas no mundo. Seis mil formas diferentes de dizer «ecologia», e tão pouca ecologia. Seis mil formas diferentes de dizer «paz», e tão pouca paz. Seis mil formas diferentes de dizer «juntos», e é cada um por si.

E vocês, já leram alguns destes livros? Têm recomendações de outros livros virginianos?
SOBRE VIRGEM

O Sol ingressou em Virgem, signo mutável, de Terra, regido por Mercúrio, onde este também é exaltado. É, por isso, um signo que expressa adaptação, comunicação, intelecto e estabilidade/segurança. Bem racional e analítico. Corresponde à Casa 6, de serviço, trabalho quotidiano (tarefas…), animais de estimação e saúde. Virgem relaciona-se com noções de perfeccionismo, atenção ao detalhe, serviço, organização … atributos que dão segurança. é um signo de cautela (bem diferente de Gémeos, por exemplo, também regido por Mercúrio).
O serviço aqui é direcionado a uma ideia de auxílio. Este serviço pode assumir contornos de uma espécie de devoção: Virgem pode ser entendida como a devota da divindade, que guarda a castidade como preservação de um ideal. Neste sentido é algo idealista, mas um idealismo ao nível do concreto e tangível, associado ao plano material do espiritual: os rituais. E os rituais podem ser completamente profanos: os horários, os planos, as rotinas, a limpeza, a organização… É uma necessidade de encontrar sentido através da investigação meticulosa e aperfeiçoamento de capacidades e conhecimento.
A procura de um sentido, de uma lógica também se traduz numa tendência para a criação de estruturas e organização da informação. O que leva a uma capacidade extraordinária de dedicação ao que se ocupa, mas também uma visão muito focada nas falhas, erros e detalhes a aperfeiçoar. É, por isso, bastante exigente e crítico, o que não ajuda à ansiedade que Mercúrio oferece com a sua natureza dispersiva.
A inação, ou a paralisia pelo receio de não ser se ser boa o suficiente, o síndrome do impostor, também não são estranhos a este signo. Ainda nesta orientação eremita, é um signo mais introspetivo, com uma certa necessidade de isolamento necessária para a reflexão, lá está, para a análise como auto-conhecimento. Uma preparação para a mudança: a transição do verão para o outono; da exuberância de Leão para o equilíbrio de Balança. Um convite a desacelarar, a apreciar os dias que se encurtam e a cultivar o conforto que os próximos meses vão exigir. É uma época de análise, preparação e adaptação. De pensamento estratégico para acolher as transformações que se avizinham e estabelecer fundações seguras para os desafios do inverno. É, ainda, a altura de voltar ao trabalho, de começar a colher os frutos da primeira parte do ano.
Emily Dickinson, poeta americana do século XIX, com uma escrita e bela e sóbria em que explorava temas muito relacionados com a natureza (Terra), a botânica, a espiritualidade do dia-a-dia, era uma figura algo reclusa, solitária. Dickinson tinha Saturno e o Nodo Norte em Virgem, na casa 10, e é a autora de uma afirmação famosa que representa esta consciência da necessidade de conhecimento e de auto-conhecimento, ao mesmo tempo que invoca a imagem do Eremita: “and I am out with lanterns, looking for myself”.

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