Lua Cheia em Aquário
Amanhã, dia 19 de agosto, às 19h25, a Lua em Aquário vai fazer uma oposição exata ao Sol em Leão.
A Lua Cheia é um momento de culminação de um ciclo e de tensão inerente a um estado de potência: quando uma corda é puxada por forças opostas, uma terá de ceder; quando atingimos o cume de uma subida, temos de descer. Nestas alturas estamos perante, pelo menos, 2 caminhos, 2 oportunidades, 2 temas ou tópicos de conversa. Ambos se manifestam e a oportunidade que emerge é a da sua integração ou, pelo menos, da consideração desta pluralidade de tópicos.
E quais são os temas desta lunação? Bem, o Sol fala-nos sobre o que habita o nosso consciente, sobre a nossa expressão e expressão de identidade, sobre o que nos motiva para a exterioridade; Já a Lua, quer conversar sobre as nossas emoções, o nosso inconsciente, a nossa intuição e sobre o que nos faz sentir em segurança, o que nos conduz à interioridade.
Já o eixo Leão - Aquário fala-nos sobre brilho individual vs o brilho coletivo; acerca da expressão criativa vs expressão científica; refere-se a uma ideia de poder pessoal e uma ideia de poder da comunidade; questiona-nos acerca da liberdade pessoal e da liberdade social; e ainda nos impele a contemplar a alegria mais autêntica e a alegria mais disruptiva - a que conhecemos na infância, a mais inocente, e a que só é possível com a experiência e maturidade que o tempo nos dá e que, por isso, se vai libertando das expectativas e normas sociais.
Portanto, em traços largos e um pouco abstratos, são estes os temas desta Lua Cheia. Uma lunação que acontece nos 27º15 de Aquário, que corresponde ao 3º decanato de Aquário. Um decanato regido pela Lua, ou seja, que ganha expressão da Lua em Aquário, que corresponde exatamente a esta Lua Cheia.

No Tarot, este decanato corresponde ao 7 de Espadas, uma carta que me faz sempre pensar no Robin dos Bosques:1 a figura estratégica e inteligente (Espadas/ elemento Ar: pensamento, intelecto, consciente) que, de forma astuta e em segredo (Lua) rouba aos ricos para dar aos pobres (o humanitarismo e justiceiro social - Aquário). Um anti-herói, ou um herói lunar por oposição ao herói tradicional, o herói solar (Leão).




Então, nesta Lua Cheia a Lua tem dignidade decânica (encontra-se no decano a que corresponde), mas o Sol está no seu domicílio, em Leão (signo regido pelo Sol), o que confere confiança e segurança aos 2 luminares. Mas, há um terceiro (se fosse só mais um… esta Lua Cheia é um labirinto do caos!) elemento que vem destabilizar este equilíbrio.
E quem é o planeta que gosta de pregar partidas, criar o caos e servir de mensageiro entre vários planetas? É Mercúrio, claro! E estando retrógrado assume o papel de ‘trickster’ com especial orgulho. Ele junta-se ao Sol (cazimi - conjunção de um planeta com o Sol), sussurra-lhe mensagens ao ouvido e Hélio (deus Sol na mitologia grega) confere-lhe protecção. Agora, se esta mensagem é completamente fidedigna (Mercúrio retrógrado) é que já não sabemos. E o excesso de confiança deste Sol em Leão pode colocar em causa o discernimento necessário.
Se Mercúrio está ao lado do Sol quer dizer que a Lua também está a fazer oposição ao mensageiro dos deuses. O que vem tornar ainda mais difícil a descodificação desta mensagem. Agora não é o excesso de confiança, mas o foco no mundo interior, nos medos e nas emoções que podem comprometer o processamento objetivo daquilo que Mercúrio está a tentar transmitir (voltamos aos temas do 7 de Espadas!). E andamos neste balancé entre emoção e razão, inconsciente e consciente, individualidade e coletividade, amor próprio e amor humanitário, sem conseguirmos encontrar o ponto de equilíbrio.
Mas calma! Temos a ajuda de Úrano… para complicar ainda mais estas dinâmicas. É que a Lua, o Sol e Mercúrio fazem quadratura a Úrano, planeta da disrupção e da inovação. E aqui é +1 ponto para as questões da Lua porque Úrano é um dos regentes de Aquário. Mas uma quadratura é uma quadratura, e esta é especial. É uma quadratura em T2 e Úrano encontra-se conjunto à estrela fixa Algol, aspeto sobre o qual falei numa newsletter anterior.
Parece-me que só podemos dizer “só sei que nada sei, mas esperemos pelo inesperado”. Ainda para mais porque é uma quadratura em T entre signos fixos: raízes vão ser abaladas; estruturas vão abanar; e a tradição é ameaçada pela inovação. Tudo isto me parece falar de revoluções científicas e/ou tecnológicas que transformam sociedades e desestabilizam poderes instituídos. Power to the People, parece ser o que esta Lua em Aquário quer dizer, apesar das dificuldades de comunicação.
A um nível pessoal, talvez seja um impulso para questionarmos qual o nosso chamamento, o que é nos faz brilhar e o que é que nos distingue, e como é que podemos utilizar essa luz do fogo de Leão e da Estrela de Aquário para contribuirmos para mudança de sistemas desiguais, para a liberdade e para um mundo mais equalitário. Como é que podemos ser anti-heróis e ativistas por quem não pode lutar (comunidades oprimidas, o planeta Terra, vítimas do sistema capitalista, pessoas não-privilegiadas… )? Como é que podemos ser mais Robin dos Bosques?
Talvez (quase de certeza) não seja possível ter respostas agora, mas são questões que vão requerer a nossa atenção (que vai estar dispersa) durante as próximas semanas. Se calhar não é a melhor altura para agir porque há uma neblina de confusão a pairar no ar, mas é tempo de prestar atenção e ter espírito crítico e criativo.
Recapitulando, quem é que fala mais nesta reunião? O Sol e a Lua, Vénus (rege Úrano em Touro) Úrano e Saturno (regem Aquário).
E sabem do que é que Saturno, que também está retrógrado em Peixes, e Vénus em Virgem também fazem parte? De outra quadratura em T!! Yay! Not…
É verdade, Vénus faz uma oposição a Saturno e ambos fazem quadraturas a Júpiter em Gémeos. Mercúrio retrógrado volta a marcar presença porque rege Virgem e Gémeos. Esta quadratura sublinha as questões de comunicação e valores/finanças, e da crise de empatia no mundo.
É uma tensão a entre a energia harmoniosa e de interação de Vénus (planeta do Amor, Harmonia, mas também dos recursos - finanças) num signo meticuloso e perfeccionista e a energia de contração e solidão de Saturno, num signo de dissolução e dissociação. Que culmina num desafio com a energia expansiva de Júpiter, num signo de estímulo e dispersão. Júpiter tem a co-presença de Marte (planeta da energia, impulsividade e violência) em Gémeos para adicionar gasolina a este fogo. E é um fogo expansivo e imprevisível porque esta quadratura em T acontece em signos mutáveis, aqueles que estão prontos para a mudança e adaptação. Portanto, a imprevisibilidade mantém-se.
Um aspeto muito importante de tudo isto é que esta quadratura de Júpiter a Saturno é a primeira de um ciclo de 20 anos que teve início em dezembro de 2020, com a conjunção em de Júpiter e Saturno em Aquário (já lá vamos), e irá repetir-se na noite de Natal (24 de dezembro de 2024) e no dia 15 de junho de 2025, com mudança de signos: Júpiter em Caranguejo e Saturno em Carneiro.
Ora, o que é aconteceu durante a Grande Conjunção, em dezembro de 2020? Ninguém esqueceu, não é verdade? Assistimos a um agravamento da situação pandémica com prorrogação do estado de emergência. Foi aquele Natal Surreal, certo?
Lá está, um encontro que deu início a uma conversação longa entre planetas que encontram agora o seu primeiro grande desafio. Essa reunião aconteceu em Aquário (signo desta Lua Cheia), um signo do elemento Ar (disseminação de partículas). A conversa poderá ter sido sobre como conter (Saturno) este vírus em plena expansão (Júpiter) a um nível global (em Aquário) com implicações imprevisíveis (Úrano). Foi uma época de inovações científicas (Úrano) nesse sentido: o desenvolvimento da vacinação.
O que nos diz, agora, este novo encontro, algo mais tenso e noutros signos?
Saturno retrórgrado em Peixes fala-nos de uma reavaliação das nossas responsabilidades e estruturas a longo prazo ao nível daquilo que reclama a nossa empatia, compaixão, onde diluímos fronteiras e encontramos os nossos sonhos, a nossa intuição, o lado mais profundo e inacessível da humanidade. Onde ela comunica, também como um organismo único. É aqui que somos obrigada a parar e a refletir sobre os obstáculos enfrentamos em relação a essa união da humanidade, à fé na equidade, às nossas capacidades criativas?
Júpiter em Gémeos é aventureiro, curioso e expansivo. Otimista e sempre em busca de novas informações e fronteiras: "To Infinity and Beyond!" É um exemplo do efeito da internet e das redes sociais na nossa comunicação e nas nossas relações com as pessoas e com o mundo. Com tudo o que tem de bom e de menos bom. A presença de Marte concede uma vitalidade exacerbada, uma assertividade e intensidade a essa comunicação, informação e ao plano mental.
E não nos esqueçamos que Júpiter e Marte fazem quadratura a Vénus: finanças, relações, equilíbrio… são temas que estão sob a mira da lança de Marte e da seta de Sagitário, transportada pela manifestação mais caótica de Mercúrio: Gémeos.
Gostava de terminar com uma reflexão mais concreta, mas acho que o ambiente não está nada objetivo. As engrenagens estão a girar, estão imparáveis e sem direção previsível. O que significa? Provavelmente só o saberemos no futuro, no desenrolar deste ciclo de 20 anos entre Júpiter e Saturno. O tempo do universo não é o nosso tempo.
Talvez uma das coisas sobre as quais possamos pensar seja isso mesmo: Uma reimaginação da nossa relação com o tempo; uma abordagem crítica à temporalidade capitalista e inumana que nos individualiza cada vez mais, que nos impede de seguir os nossos propósitos e ultrapassar fronteiras impostas por sistemas de opressão.
A um nível pessoal, é um convite a refletir sobre a ação necessárias nas casas dos vossos mapas ocupadas por Aquário, Touro, Leão, Virgem, Sagitário, Gémeos e Peixes.
A Imperatriz e O Mago
Foram as cartas que saíram para esta Lua Cheia.

A Imperatriz é a carta de Vénus e O Mago é a carta de Mercúrio, apesar da “Ball of Confusion” que é esta Lua Cheia, a reflexão que podemos fazer desta tiragem parece-me clara:
Pegar nos recursos à nossa disposição e criar, transformar, agir. Úrano regido por Vénus cria instabilidade, mas muitas vezes é para revolver a Terra, para que os recursos mais escondidos, mais oprimidos, venham à superfície. A Imperatriz oferece-nos os frutos da Terra como verdadeiros nutrientes que alimentam a nossa estabilidade e os nossos valores.
O Mago confirma que temos esses recursos ao nosso alcance, estão na nossa mesa de trabalho. Cabe-nos a nós transmutá-los, com o conhecimento de Mercúrio, em materializações de ação de transformação. Mais uma vez, estamos num momento de preparação, ainda não é o momento de agir. Ou poderá ser, claro. Mas talvez ainda não seja possível ter uma visão clara, uma estabilidade que nos permita agir da forma mais consciente e segura.
Mas temos a possibilidade de definir objetivos e estratégias para a utilização destes elementos que o ‘caos’ nos está a oferecer, que os usemos com responsabilidade, em prol da revolução que está nas nossas mãos (Vénus e Úrano): a construção de pontes entre mundos e pessoas, entre as nossos valores e o mundo que queremos construir (Mercúrio). É altura de colocar as mãos na Terra, de pôr mãos à obra e preparar o futuro.
De imaginar um nova temporalidade.
People moving out, people moving in
Why, because of the color of their skin
Run, run, run but you just can't hide
An eye for an eye, a tooth for a tooth
Vote for me and I'll set you free
Rap on, brother, rap on
Well, the only person talking about love and affection is the preacher
And it seems nobody's interested in learning but the teacher
Segregation, determination, demonstration, intergration
Aggravation, humiliation, devastation of our nation
Ball of confusion
Yeah, that's what the world is today
Hey, hey
The sale of pills are at an all time high
Who was walkin' down with there heads in the sky?
The cities aflame in the summer time!
go on and we go home
Economics, Reaganomics, Birth Control, The Status Quo
Shooting rockets to the moon, kids growing up too soon
Politicians say
And the band played on
So, round and around and around we go
Where the world's headed, nobody knows
Ball of confusion
That's what the world is today
Hey hey
Fear in the air, tension everywhere
Unemployment rising fast, the Beatles new record's a gas
And the band played on
Eve of destruction, tax deduction, city inspectors, bill collectors
Solid Gold in demand, population out of hand, suicide
Too many bills, hippies movin' to the hills
People all over the world are dying in the war
And the band played on
Ball of confusion
That's what the world is today, hey, hey
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