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Olá e bom domingo!

Quando comecei a estudar astrologia, de forma independente, a minha abordagem inicial foi a moderna. Era o que estava mais acessível, mas confesso que nunca me satisfez completamente. Sentia que faltava alguma coisa, uma estrutura mais concreta e objetiva e uma lógica que realmente explicasse o “como” e o “quando” dos acontecimentos. Foi só quando encontrei a astrologia tradicional que percebi que era isto que eu procurava desde o início, aquilo com que realmente me identificava. A partir daí comecei a levar os estudos cada vez mais a sério, investindo em várias formações, entre elas um curso de dois anos com Luís Ribeiro, coautor de Tratado das Esferas, um dos livros contemporâneos mais importantes para o estudo da tradição. Esse percurso marcou a minha a minha certeza de que a astrologia tradicional é o caminho que quero seguir com o objetivo claro da profissionalização.

Urânia, musa da Astronomia e da Astrologia

Astrologia Tradicional e Astrologia Moderna

A astrologia tradicional baseia-se nos textos e práticas clássicas,helenísticas, árabes e renascentistas (até ao século XVII). Utiliza técnicas preditivas como profecções, firdaria, direções primárias e retornos solares, dentro de uma lógica estruturada e hierárquica, com regras muito definidas. Já a astrologia moderna, desenvolvida sobretudo no século XX, integra elementos da psicologia e da espiritualidade, privilegiando uma interpretação mais simbólica e intuitiva do mapa.

O objetivo também difere bastante. A astrologia tradicional foca-se na previsão e no diagnóstico concreto, procura responder a questões práticas como “quando?”, “o quê?” ou “como?”. A astrologia moderna, por outro lado, centra-se no autoconhecimento, no desenvolvimento pessoal e na exploração da identidade do indivíduo. Não quer isto dizer, que a astrologia não faça uma rigorosa descrição da pessoa nativa (faz e com técnicas e cálculos muito objetivos), permitindo assim a pessoa conhecer-se a si própria. Mas, na astrologia tradicional nem tudo descreve a nativa, nem tudo no mapa é um espelho da pessoa; há casas e planetas que descrevem as pessoas, situações e contextos da sua vida. Na moderna, não é tanto assim, o foco é realmente o indivíduo, contudo, obviamente, a moderna também tem a capacidade de descrever o que não é inerente à pessoa e de formular previsões. O que difere é mais a um nível de foco e de escala: mais concretude e objetividade na tradicional; mais psico-simbólica na moderna.

No que diz respeito aos planetas, a astrologia tradicional trabalha apenas com os 7 planetas (2 luminares + 5 planetas - mas chamamos planetas a todos) visíveis a olho nu: Sol, Lua, Mercúrio, Vénus, Marte, Júpiter e Saturno. Úrano, Neptuno e Plutão não fazem parte da prática tradicional porque foram descobertos no final do século XVII (Úrano), no século XIX (Neptuno) e no século XX (Plutão). Não só são posteriores às fontes tradicionais, como são considerados demasiado recentes e, por isso, sem a temporalidade necessária para atestar na prática as suas características, expressões e ativações.

Também são planetas que, devido à sua grande distância e movimento muito lento em comparação com os planetas visíveis a olho nu (Úrano leva cerca de 84 anos a dar a volta ao zodíaco, Neptuno 165 anos e Plutão 248 anos) Isto significa que estes planetas ficam muitos anos num mesmo signo, por vezes, vezes mais de uma década. Desta forma, não defines questões individuais mas poderão funcionar mais significadores do coletivo: tendências de gerações, padrões e tendências culturais e sociais. A astrologia moderna, em contraste, inclui os planetas exteriores e também pontos e asteroides, atribuindo-lhes significados psicológicos e espirituais.

As casas e as regências também são tratadas de forma diferente. A tradição mantém a estrutura antiga em que cada planeta rege 2 signos, com exceção do Sol e da Lua, que regem apenas 1 cada. Além disso, a tradição usa as dignidades essenciais como domicílio, exílio, exaltação e queda; triplicidades, termos, faces ou decanos e almutems. A astrologia moderna, pelo contrário, atribui novos regentes aos signos, como Úrano para Aquário, Neptuno para Peixes e Plutão para Escorpião.

Outro ponto divergente é a questão dos trânsitos. Na astrologia tradicional, os trânsitos não são vistos como indicadores isolados de acontecimentos, mas sim como gatilhos que ativam períodos e promessas identificados através das técnicas preditivas e dos cronocratas. Na astrologia moderna são, frequentemente, interpretados por si mesmos.

Como disse, na astrologia tradicional, usamos várias técnicas preditivas, entre elas:

  • Profeções: cada ano. da vida é regido por um planeta diferente.

  • Firdaria: divide a vida em capítulos, cada um governado por um planeta que indica que temas estão mais ativos naquela fase.

  • Retorno solar: o mapa feito no momento em que o Sol volta à posição exata do mapa natal e que descreve as tendências de 1 aniversário até ao próximo.

E é aqui que entra o conceito de cronocratas. Eles são os “senhores do tempo”; aqueles que são ativados em determinado ano (regente por profeção) ou época (regente por firdaria). São como os protagonistas de um livro: quando trânsitos de planetas aspetam estes planetas no mapa natal ou no mapa da revolução solar; ou quando este planetas aspetam planetas o mapa natal ou no mapa da revolução solar, há ativações do que eles significam para a natividade. Como personagens que ganham destaque e que orientam a nossa leitura através do seu ponto de vista. Mas se o trânsito acontece impacta um planeta que não está ativo no momento, muitas vezes, passa quase despercebido. Se não, a vida seria insuportável com ativações constantes, a toda a hora e a todo o momento.

É por isso que trânsitos gerais não funcionam da mesma maneira para toda a gente. Por exemplo: se Saturno entra num novo signo, para uma pessoa pode trazer responsabilidades extra na carreira, mas para outra pessoa pode não ter praticamente efeito. Tudo depende do mapa natal e de quem são os cronocratas no momento.

Trânsitos coletivos fazem sentido em astrologia mundana (que estuda países, cidades e eventos globais) ou em astrologia eletiva (escolher bons momentos para realizar ou começar algo). Eu ainda não pratico essas áreas, embora a eletiva seja algo que quero muito vir a desenvolver.

Foi na astrologia tradicional que encontrei clareza e consistência que me permitem trabalhar com seriedade e profundidade. É uma abordagem que me dá ferramentas concretas para responder a perguntas práticas e para acompanhar os ciclos da vida de cada pessoa de forma precisa e personalizada. A tradição oferece-me uma linguagem estruturada que valoriza a riqueza da astrologia e, ao mesmo tempo, respeita a singularidade de cada mapa natal.

Caso tenham alguma dúvida sobre as diferentes abordagens e práticas tradicionais e modernas, digam! Terei todo o gosto em responder às vossas questões!

Até breve! 👋

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